Usina solar no centro de Curitiba

utfprEm artigo publicado nesta quarta-feira – clique aqui e leia a matéria completa – 17, na Gazeta do Povo, o coordenador do Escritório Verde da UTFPR, Eloy F. Casagrande Jr. e o coordenador do curso de especialização em Energias Renováveis da UTFPR, Jair Urbanetz Jr., falaram sobre as discussões que geram em torno da geração de energia elétrica no país, principalmente sobre os problemas de falta de energia quando há alteração no regime de chuvas que forçam o uso de energias mais poluentes, como as usinas termelétricas e as condições desfavoráveis para construções de mais hidrelétricas.

Os professores comentam que a tal “energia limpa” é cada vez mais questionada pela sociedade, devido ao grande impacto ambiental causado pela construção de uma usina hidrelétrica de grande porte, além dos problemas econômico-sociais causados por perda de áreas agrícolas produtivas e pela realocação de famílias e tribos indígenas, que vivem em áreas a serem inundadas pelos reservatórios.

Por esse motivos, explicam que a energia solar é apontada como uma das energias renováveis que poderiam minimizar esses problemas. O projeto do Escritório Verde (EV) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que completou dois anos e meio em julho, mostra a viabilidade técnica desse potencial ao gerar nesse período pouco mais de 6,2 MWh através do seu sistema de energia solar fotovoltaica.

O Escritório Verde foi a primeira edificação com energia solar conectada à rede no estado do Paraná e instalada na Avenida Silva Jardim, uma das ruas centrais de Curitiba, projeto este que foi realizado pela Solar Energy. Professor Eloy esclarece que a avaliação contínua de seu desempenho ajuda a derrubar um mito de que nossa cidade, classificada como “cinza”, não dispõe de irradiação solar suficiente para esse tipo de sistema. A matéria “Curitiba, a nublada” (Gazeta do Povo, 28/7/2014) não pode servir de parâmetro para negligenciar nosso potencial de geração de energia solar, uma vez que se considera aqui a irradiação solar anual, e a irradiação difusa também é uma componente que contribui para a geração fotovoltaica. A orientação e a inclinação dos módulos fotovoltaicos colocados no telhado da edificação também interferem no desempenho do sistema.

Para compreender melhor, os professores explicam que a irradiância solar global é a quantidade de energia por unidade de área e unidade de tempo que incide sobre a superfície da Terra. A unidade de irradiância é a unidade de potência por metro quadrado da superfície da Terra (watt/metro quadrado). Para Curitiba, segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, temos de 4,5 a 5 kWh/m²/dia, o que representa uma irradiação superior às encontradas nas cidades do litoral Sul do Brasil, como Florianópolis, por exemplo. Para se ter uma comparação de como desperdiçamos nosso potencial solar, a região mais ensolarada da Alemanha recebe um índice de irradiação solar 40% menor que o índice da região menos ensolarada do Brasil! A região menos ensolarada do nosso país apresenta índices solares em torno de 1.642 kWh/m²/ano, acima dos valores apresentados na área de maior incidência solar da Alemanha, que recebe cerca de 1,3 mil kWh/m²/ano. Aqui, sim, ganhamos de goleada!

O sistema solar instalado de 2,1 mil W (dez módulos de 210 W ocupando uma área de 15 m²) do EV nos revela que podemos gerar, em média, 210 kWh/mês. Energia suficiente para abastecer uma residência padrão da família brasileira. Em meses de verão de 2013 e 2014, pudemos gerar 280 kWh, permitindo “exportar” energia elétrica para o edifício anexo ao EV. Este desempenho, que torna a edificação “energia positiva” (isto é, gera mais do que consome), somente é possível devido ao fato de sua construção ter sido programada para ser energeticamente eficiente, com o uso de sistemas construtivos que permitem o conforto térmico, iluminação natural, uso de janelas com vidro duplo e lâmpadas LEDs.

Ambos professores comentaram que o governo brasileiro precisa acelerar o uso da energia solar e de construções mais eficientes no país por meio de criação de subsídios, isenções fiscais e políticas de incentivo, como fez a Alemanha ao longo de mais de 40 anos. Hoje, o campeão da Copa 2014 é também líder mundial, com mais de 30% da capacidade solar fotovoltaica instalada no planeta. São cerca de 8,5 milhões de pessoas que vivem em edifícios e casas com sistemas de energia solar, segundo o Solar Industry Association (BSW-Solar), ou seja, um em cada dez alemães já usa energia solar para gerar eletricidade ou calor. Em tempo: para 2015, o governo brasileiro e as concessionárias preparam um “tarifaço” sobre sua conta de energia elétrica.

Eloy F. Casagrande Jr. é coordenador do Escritório Verde da UTFPR. Jair Urbanetz Jr. é coordenador do curso de especialização em Energias Renováveis da UTFPR.

Veja artigo completo no site da Gazeta do Povo

Fonte: Gazeta do Povo


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